Estávamos eu, o poeta Celdo Braga, Renato Bagre e Marcicley desfrutando a alegria de um encontro de gentes, palavras e sentimentos. Celdo oferece a minha linda Juliana um abacaxi de sobremesa. Ela aceita. Celdo inicia um ritual inesperado. Transforma aquele descascar e cortar o abacaxi em um ato poético. Eu, deslumbrado, começo a transformar o momento em palavras.
Da arte de cortar abacaxi
Traga o fruto em bandeija de prata
Coloque-o sobre a mesa
Aprecie a coroa imperial
Dourada
Ostentadora
Elegante.
Escolha a faca.
Sim não é qualquer faca
É a faca azul sem dentes.
Fruto tão nobre não pode ser machucado.
Pronto.
Agora, calma.
Ele lhe dará o caminho
Nunca desvie do caminho indicado.
Escorregue a lâmina em corte vertical com o devido respeito
O dourado ornamentará a mesa
Restará o amarelo elegante, austero
Admire-o por alguns segundos
Retome o ofício.
Escorregue a lâmina em corte horizontal com deferência.
Lâminas espelhadas
Flores reluzentes
Sirva-o para o desfrute do súditos.
Há um quê de nobreza nesse ato.