Vai lá curumim
Avisa que a vida vale a pena
Diz que as borboletas sempre voltam aos jardins
Mostra que o vento que toca o rosto alivia a alma
Anuncia o raiar do sol à beira do Solimões
Vai lá curumim
Leva o papagaio e o carretel de linha 10
Pula do motor nas águas escuras águas do Negro
Sobe na árvore e traz o ingá
Vai lá curumim
Leva a esperança no bolso
E a magia no teu olhar
Encanta-te com o canto dos pássaros
E o escuro da noite na floresta
Vai lá curumim
Dá um recado pro Dotô.
Diz que aqui ele não manda no entardecer de domingo
Nem no cheiro das flores
Diz a ele que não adianta.
Que a sua violência não pára o correr do leito do rio
Nem o pôr do sol nas curvas do Juruá
Que o leito do rio não correrá reto porque ele quer
Diz que as curvas são de Deus
E que pra ti, Curumim,
Ser feliz é andar de calção, descalço e sem camisa.
Diz ao patrão, Curumin,
Que pisar no chão te faz sorrir
Que sem camisa o ar renova tudo que há dentro ti
Vai lá curumin
Diz que agora vamos nos rebelar.
Vamos dormir de janela aberta
Vamos passear de mãos dadas pela floresta
Vamos nadar pelados nos rios
Avisa que agora faremos visitas inesperadas
Plantaremos árvores no quintal
Acordaremos aos domingos ouvindo Gonzaguinha
Leremos poesia em voz alta na praça
Vai lá curumim,
Avisa que venceu a vida,
A esperança,
O amor,
A caridade,
Vai lá curumin
Dá um abraço no patrão.
Diz que o Tenório tirou a barba.
E que o Thiago agora só veste azul.
Diz que agora ele terá a chance de ser feliz.