Cerdeira não se fez de rogada e logo lembrou da parintinense Sarita, amiga de infância da Naka em Parintins e, anos mais tarde, amiga de cachaça em Manaus.
Sarita tinha fama de pão dura, talvez herança do seu velho pai, famoso na Ilha por atravessar a francesa a nado com um sonrisal na mão.
Numa sexta-feira, Naka, Sarita e uma turma de parintinenses radicados em Manaus marcaram um encontro na Praça do Eldorado para colocar a conversar em dia e, claro, tomar umas. Eram mais de dez sentados numa longa mesa e nada da Sarita que, além de pão dura, sempre chegava atrasada em tudo.
Já tinham tomado um bocado quando avistaram um taxi encostando. Era Sarita. Saiu do carro, deu ao motorista uma nota de 10 reais, mas permaneceu ao lado do carro com a porta aberta. Para surpresa geral, após alguns minutos de um irritado diálogo com o taxista, Sarita voltou pra dentro do carro e este arrancou cantando pneu.
Passado menos de um minuto, o taxi reaparece do outro lado da pista, agora um pouco distante da mesa, e Sarita dessa vez desembarca batendo a porta. Chega à mesa ainda resmungando. Mesmo com a insistência de todos na mesa, Sarita não contou o motivo da inusitada volta que dera no taxi e de tanta irritação como o motorista.
Seguiram bebendo, jogando conversa fora, falando da vida dos outros e relembrando os velhos tempos de Parintins, além de programarem um retorno à cidade para a Festa da Padroeira do ano seguinte.
Lá pelas tantas, já meio embriagada, Sarita resolve contar o ocorrido.
Ao desembarcar do táxi, o motorista anunciou uma corrida de 9,50 reais, que foi paga com uma nota de 10 reais. Acontece que o taxista disse não ter os 0,50 de troco, provocando irritação em Sarita que insistia em receber os 0,50 centavos. Depois do taxista revirar tudo dentro do carro e não achar a moeda para o troco, Sarita perdeu a paciência, voltou pro carro e sentenciou:
- Sem não tem troco, pode ligar o carro e andar mais 50 centavos!
Gargalhada geral.
(Tirando as contadoras das histórias, os outros nomes são fictícios por falta de autorização dos protagonistas).
